quarta-feira, 3 de julho de 2013

a Oriente




















"... o Oriente, com a sua carga de exotismo, voltou a ser uma atraente fonte de inspiração para muitos jovens ocidentais, que vêm procurar na religião e nos costumes de cá as respostas que parecem já não encontrar nas escolas e nas igrejas dos seus países. O misticismo oriental, o budismo e os gurus asiáticos parecem ter maior aptidão para ajudar quem quer fugir à escravidão do consumismo, aos bombardeamentos da publicidade e à ditadura da televisão do que todos os nossos mestres-filósofos.
Vindos de um mundo super-organizado, onde tudo está garantido e onde até os desejos parecem ser determinados por um qualquer interesse que não os deles, os jovens ocidentais exploram cada vez mais as vias orientais da espiritualidade.
Nas minhas viagens pela Ásia vi muitas vezes corpos europeus envoltos na túnica cor-de-laranja ou roxa dos monges budistas, mas nunca me interessei pela sua história. Neste ano tinha um motivo para me deter, para escutar, e foi assim que conheci, por exemplo, um florentino como eu, ex-jornalista, que professou num mosteiro tibetano, e um jovem poeta holandês que escolheu a via da meditação rigorosa num templo a sul de Banguecoque. Ambos vítimas da desorientação do nosso tempo, de diferentes maneiras."

TERZANI, Tiziano, in Disse-me um Adivinho, Edições tinta-da-china, 2009, pp.26