segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Em cada pé que se pousa



Os pés são ferramenta essencial desse teu corpo. Base que te leva e traz. E até os meus pés foram confrontados nessa sua fragilidade aparente. Expostos a cada momento, olhei-os como nunca os tinha olhado. Soltei-os. Finquei-os na terra e fiz deles parte consciente de mim. Faz toda a diferença se te transportas de um lado para outro, corpo físico ao serviço de uma mente ou te tomas como corpo, espírito e mente, partes iguais de um todo maior. Cada um como parte de ti e dessa tua missão que se trava a cada momento, em cada pé que se pousa. Pés que se encontram com a terra seca e áspera, com os mosaicos frios e húmidos, com a água da loiça que cai, com o pó que se acumula na mercearia, com os peixes que te tratam como num spa, com a abelha caída que acabaste de pisar, ou ainda com o sapo que te acabou de saltar.

Cada sensação mostra-te onde estás, lembra-te que estás aqui, neste sítio, agora, e não te deixa vaguear, dentro do conforto dos teus sapatos que pisam a realidade sem a olhar. Lembram-te que a natureza chega para cuidar do teu corpo. Mostram-te que apenas um momento de distracção pode valer muito porque vives sem o layer da protecção. E dizem-te que és simplesmente mais um, mais um ser entre tantos, que percorrem o mesmo caminho, sobre a terra.

1 comentário:

Castro disse...

ode ao tacto da realidade... gostei e fez-me lembrar um pequeno e humilde texto meu:

http://aprendizesdepedreiro.blogspot.com/2007/10/do-interior-da-terra.html

bjs